SELECIONE SUA REGIÃO E IDIOMA

UNITED STATES
English
LATIN AMERICA
Español
Português
AUSTRALIA &
NEW ZEALAND

English
JAPAN
Japanese
ASIA PACIFIC
English


CERRAR
A importância da comunicação na trilha

A importância da comunicação na trilha

Parcerias

Em meio a tantas caminhadas por lugares remotos, aprendi que a distância entre duas pessoas pode ser medida não apenas em metros, mas também na intensidade das sensações que ela provoca.

Lembro de uma vez há muito tempo, caminhando com uma amiga, em que a curiosidade me fez seguir um pouco além. Ela ficou parada, entretida fotografando um grupo de aves, enquanto eu avançava uns 300 metros pela trilha, buscando outras para fotografar.

Foram quase trinta minutos separados, mas na mata, onde a visão é limitada e o silêncio é quebrado apenas pelos sons da floresta, o tempo pareceu se alongar. Não conseguíamos nos ver nem nos ouvir. A ausência de contato transformou o intervalo em uma eternidade e a imaginação floresceu - e percebemos, ao nos reencontrar, que a simples falta de comunicação havia deixado um rastro de insegurança sobre um dia que deveria ser apenas prazeroso.

Foi naquele momento que constatei: na natureza, a comunicação não é um luxo. É segurança. É essencial.

Pouco tempo depois, comprei meu primeiro par de rádios portáteis. Eram daqueles modelos de uso livre tipo talk-about com a potência máxima permitida, prometendo alcance de até 56 quilômetros com visada, isto é, em linha reta. Não era perfeito, mas dali em diante nunca mais sentimos o peso do isolamento quando nos afastávamos um pouco para explorar.

Nas diversas vezes que fomos até a Proa do Monte Roraima o rádio teve um papel essencial. Para chegar nela temos que descer um cânion de 20 metros usando cordas e equipamentos de escalada e nos afastar durante algumas horas, e nem todos querem se aventurar assim. O rádio mantém o grupo unido e todos se sentem mais seguros.
 
trilhaParaMonteRoraima_1.jpgTrilha na Gran Sabana para chegar ao Monte Roraima

Mas, claro, logo descobri que a comunicação ainda era limitada diante de montanhas, vales e florestas densas. No terreno real das trilhas, os obstáculos da paisagem reduziam o alcance consideravelmente. Ainda assim, o rádio passou a ser item obrigatório em todos os trekkings e, nas expedições maiores, tornou-se parte do kit individual de cada participante.

Mas em lugares realmente isolados, onde nem o rádio alcança e o celular é somente uma câmera fotográfica, é preciso ir além. Foi assim na expedição à Serra do Aracá, no Amazonas, um tepui imponente, isolado a 400 km de Barcelos, cercado de florestas intocadas e guardando a Cachoeira do El Dorado, a maior queda d’água perene do Brasil. Não há comunidades, aldeias ou qualquer sinal de presença humana permanente naquela imensidão.

igarapePreto_aCaminhoDaSerraDoAraca.jpg
Navegando em voadeiras no Igarapé Preto na base da Serra do Aracá

Além dos rádios, levamos um telefone via satélite e um comunicador SPOT Gen4. E foi justamente ali que enfrentamos um momento crítico: uma picada de cobra na cozinheira da expedição. Precisávamos avisar a cidade com urgência. Conseguimos um ponto aberto para usar o telefone satelital, mas o sinal estava instável. Tínhamos de enviar coordenadas e um número telefônico de contato, mas a ligação era ruidosa e confusa. Então, recorremos a uma mensagem de texto com o SPOT Gen4.

A precisão escrita salvou tempo, evitou erros e fez toda a diferença. O socorro foi acionado e a cozinheira se recuperou plenamente.

cachoeiraDoElDorado.jpg
Vista da Cachoeira do El Dorado na Serra do Aracá, na Amazônia

Numa outra expedição, rumo ao Pico da Neblina, a lição estava aprendida: levamos apenas o SPOT X, que permitia mensagens bidirecionais via satélite. Antes da partida, definimos mensagens pré-programadas e combinamos procedimentos com nossos contatos na base. Durante a travessia, pudemos confirmar horários, coordenar o resgate de barco no retorno e manter familiares tranquilos, mesmo a centenas de quilômetros de qualquer sinal convencional.
 
acampamentoBaseDoPicoDaNeblina_1.jpg
Acampamento base do Pico da Neblina próximo ao cume
 
Com o tempo, percebi que falar de comunicação na trilha é falar de cuidado. Não se trata apenas de evitar tragédias - embora isso seja fundamental - mas de preservar a harmonia da jornada, o sentimento de segurança que permite que cada passo seja dado com confiança.

E os dois equipamentos de comunicação indispensáveis nas trilhas e que se complementam, tornaram-se os rádios e o SPOT X.

Na natureza, onde o inesperado é regra, poder dizer “estou bem” ou “preciso de ajuda” pode ser a linha tênue entre a aventura e o risco. E essa linha, aprendemos, vale cada grama de peso extra na mochila.


 
ASSINE NOSSA NEWSLETTER
EMPRESA OU AGÊNCIA GOVERNAMENTAL?