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Conexão

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Para Inspirar

Se eu tivesse que condensar tudo o que aprendi ao longo deste um ano de vivência de Entre Parques, esta seria a palavra que eu escolheria. Como psicóloga, autonomia é uma palavra que sempre fez parte do meu repertório. Aprendemos na faculdade sobre a importância de sermos seres capazes de suportar as vicissitudes e perturbações da vida. Aprendemos sobre a importância de ir em busca de quem realmente somos, de nos conhecermos, de ir ao encontro de si em sua forma mais profunda.

Incentivamos a descoberta dos vários seres que nos habitam, das inúmeras vozes que muitas vezes precisam gritar para serem ouvidas, seja pelos sonhos, atos falhos ou mesmo patologias. 

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Gastei horas refletindo sobre mim mesma e incentivando os outros a fazerem o mesmo, acreditando que eu estava fazendo o que há de melhor. 
No último ano, fui pensando cada vez menos em mim. Me distanciei ao ponto de me esquecer dos meus sonhos. Acordava, e não lembrava. Algo raríssimo na minha existência até então. 

Em contrapartida, passei a olhar para o mundo natural. Passei a reparar em outras formas de vida. Aprendi que a embaúba é uma árvore pioneira e que sempre aparece primeiro quando um processo de restauração está se iniciando. Aprendi que as formigas de correição são nômades e carnívoras e portanto realizam uma verdadeira limpeza da floresta porque por onde passam comem os restos que sobraram pelo caminho, muitas vezes fazendo uma ponte com os próprios membros do grupo para conseguir atravessar rios. Aprendi que nas florestas existe uma rede de conexão entre as raízes das plantas e dos fungos que permite que nutrientes sejam trocados de forma a garantir a sobrevivência do grupo. Aprendi que os animais silvestres olham fundo nos nossos olhos quando os avistamos na floresta e que, na enorme maioria das vezes, ficam tão surpreendidos com a nossa presença quanto nós com a deles. 

Passaro-verde-entre-folhas-de-uma-arvore.jpg
Basicamente, neste um ano de expedição aprendi a olhar para fora. E ao fazer isso, venho compreendendo aos poucos que a minha existência está íntima e inexoravelmente interligada à existência de todos estes seres que tem cruzado pelo meu caminho. 

Se as plantas não tivessem descoberto uma forma para realizar a fotossíntese, a energia proveniente do sol não encontraria um caminho para entrar e se fixar na Terra. Sem as plantas não teríamos a energia em forma química e disponível para nos alimentarmos e fazer girar o grande ciclo da cadeia alimentar. 

Sem as florestas não teríamos as nascentes de água potável. Sem as abelhas e outros insetos não teríamos a polinização com consecutiva frutificação, ou seja, não teríamos alimento. Sem os fungos e as bactérias tudo que morre permaneceria igual, sem decomposição, e no solo não haveriam mais nutrientes para que as plantas pudessem seguir com o seu brilhante processo de transformar a energia solar em energia acessível à todos os seres que aqui residem. 

Por isso, a palavra é conexão. 

Por mais que tenham nos convencido de que somos seres autônomos, ou ao menos que deveríamos ir em busca dela, somos seres altamente dependentes não só uns dos outros (no caso dos humanos, basta pensar por quanto tempo uma criança requer cuidado ininterrupto de um outro para garantir a sua sobrevivência), mas também dependemos de todos os seres com os quais compartilhamos este planeta. 

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Entender isso tem sido fundamental. Assim, minha recomendação é: olhe para fora e entenda que você também é natureza e, portanto, está irremediavelmente conectado a esta grande Teia Da Vida.