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Primeiros Aprendizados Da Expedição: Fonte E Consumo De Água

Primeiros Aprendizados Da Expedição: Fonte E Consumo De Água

Para Inspirar

Você sabe de onde vem a água que chega à sua torneira? Em que lugar choveu, por qual rio passou, quão pura estava quando foi captada pelo sistema de abastecimento? Os pouco mais de 500 habitantes de Curimataí, um distrito da cidade de Buenópolis em MG, porta de entrada do Parque Nacional das Sempre-Vivas, sabem exatamente de onde vem a água que abastece a cidade e a importância de proteger a captação e o caminho da água através do "rego", que corta o distrito.
 
Antes de sairmos na expedição e passar a morar em um trailer, uma das nossas maiores preocupações era a água. Em nossa casa em São Paulo gastávamos 11 metros cúbicos de água ao mês, o equivalente a 367 litros por dia. E olha que nos considerávamos bastante conscientes no uso de água! No trailer temos uma capacidade de 140 litros de água. Onde íamos encontrar tanta água para reabastecimento tão frequente?
 
A dificuldade de encontrar uma fonte de água era o nosso maior temor, sem falar na potabilidade da água, já que comprar inúmeros galões de plástico não estava no nosso plano tanto por questões ambientais quanto financeiras e logísticas.
 
Porém, havia dois pontos que não havíamos considerado de antemão e que agora fazem todo o sentido: nosso consumo de água cairia drasticamente e os parques nacionais são grandes coletores e reservatórios de água.
 
Sobre o nosso consumo, a grande virada de chave veio do casal Gui e Ju, do Montanha para Todos, que escreve neste blog. Em uma palestra, eles deram uma dica despretensiosa e muito valiosa: louça de inox. A gordura sai muito mais fácil do inox que do plástico e da cerâmica.
 
O inox é leve e não quebra, perfeito para viajar conosco num trailer. Além disso, o inox está "fora de moda" e muitas pessoas têm baixelas encostadas em algum canto. Foi assim que conseguimos fazer nosso "enxoval" sem ter que sair comprando muito mais coisas, reaproveitando as baixelas da família. Essa dica de ouro, neste caso de inox, pode funcionar não somente para quem vive em um trailer, principalmente em momentos de escassez de água como o que estamos passando.
 
Junte-se a isso o uso ainda mais racional da água no banho, na limpeza, o fato de que não temos quintal para lavar, que nossa bacia sanitária usa menos de 1 litro por fluxo, quando uma bacia sanitária padrão usa cerca de 6 litros de água por fluxo, nossa lavadora usa 23 litros por lavagem (lavamos 4 máquinas por semana) enquanto uma lavadora de roupas comum pode usar mais de 200 litros por lavagem.
 
Também escolhemos produtos que exigem menos enxágue (shampoos em barra, detergente que faz menos espuma) e uma mini panela de pressão. Hoje consumimos menos de 3 metros cúbicos de água ao mês, o equivalente a 100 litros por dia vs 367 litros antes. 
 
Sobre a fonte, grande parte das nascentes das nossas bacias hidrográficas estão em unidades de conservação, sejam parques nacionais, estaduais, florestas nacionais, APPs (áreas de preservação permanente), RPPNs (reservas particulares do patrimônio natural), entre tantos outros. Ou seja, fomos ingênuos o suficiente para não considerarmos que estamos sempre ao lado das principais captações e armazenamentos naturais de água do país.
 
Toda unidade de conservação tem um plano de manejo: "um documento técnico no qual se estabelece o zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade de conservação", conforme a Lei 9.985/2000. Nesses planos de manejo a gestão dos recursos hídricos tem uma importância central. Além disso, a cobertura vegetal protegida pelas unidades de conservação permite que o ciclo da água ocorra de forma mais completa: vaporização dos rios e transpiração das árvores, que propiciam condições para condensação e precipitação, mas também condições ótimas para infiltração de volta ao solo. Ou seja, estamos sempre junto às maiores fontes.
 
Grande parte dos parques nacionais é conhecida pela balneabilidade e imponência de seus rios e cachoeiras. As Cataratas do Iguaçu, o Mirante da Janela na Chapada dos Veadeiros, as piscinas do Parque Nacional de Brasília são alguns exemplos. Mas é importante lembrar que esses recursos não estão lá somente porque são belos e atraem turismo, mas também porque a proteção das fontes de água é de fundamental importância para a manutenção do ecossistema dos parques e para fornecimento das cidades, que em geral não têm fonte própria e buscam água bem longe de sua área. Da próxima vez que visitar uma unidade de conservação, convidamos que faça o caminho das águas e lembre-se que os rios e cachoeiras estão protegidos por um motivo ainda maior que a nossa visita.
 
O Parque Nacional do Gandarela abastece o Rio das Velhas, que abastece mais da metade de Belo Horizonte. O Parque Nacional de Brasília é responsável por 20% da água fornecida à capital federal, praticamente o restante vem da Floresta Nacional de Brasília. A Serra do Espinhaço e os Parques Nacionais da Serra do Cipó e de Sempre-Vivas abastecem as bacias dos rios São Francisco, Doce, Jequitinhonha e Mucuri.
 
Com isto, a captação e o consumo de água deixaram de ser nossos principais temores, mas o descarte de água e a questão do ciclo do fogo tomaram proporções maiores que havíamos esperado. Nos próximos posts exploraremos mais sobre esses assuntos.
 
As fotos deste post são todas do Parque Nacional das Sempre-Vivas.
 
Veja os relatos dos parques pelos quais o casal já passou no Instagram @entreparquesbr ou no blog https://entreparquesbr.com.br/
Para saber mais sobre os planos de manejo dos parques nacionais, veja o exemplo do Parque Nacional do Iguaçu: https://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/plano-de-manejo/plano_de_manejo_do_parna_do_iguacu_fevereiro_2018.pdf
Para saber mais sobre a importância do Parque Nacional da Serra do Gandarela: https://www.oeco.org.br/noticias/27172-criacao-do-parque-nacional-serra-do-gandarela-em-perigo/


 
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