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O campeonato de parapente é uma corrida, sendo que as provas são definidas a cada dia de acordo com a condição climática. Então, é estabelecida uma prova com várias coordenadas geográficas que devemos passar voando em cima e chegar no goal. Todos os pilotos decolam e tentam se posicionar da melhor forma até a hora do Start (quando começa a corrida). A pontuação é um pouco complexa, já que envolve pontos de liderança (quando você voa na frente do pelotão), pontos de distância (quem chega no goal) e pontos de tempo (quanto tempo gastamos para realizar o percurso). Mas, basicamente quem conseguir chegar no goal primeiro ganha. Nesse campeonato tivemos mais de 40 pilotos divididos em duas categorias, a Sport (parapentes de baixa performance) e a Open (parapentes de competição).
Sempre foi um sonho “matar uma prova” (quando chegamos em primeiro lugar no goal) no geral, ou seja, entre os homens. E também sempre foi um sonho subir no pódio da categoria Open, entre os homens.
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Tive resultados muito bons durante a semana, sempre entre os 4 primeiros pilotos. Logo no primeiro dia cheguei em segundo lugar. Mas na prova 3 eu não consegui chegar no goal e pousei faltando cerca de 13km para o goal. No nosso esporte, temos que avaliar muitas informações ao mesmo tempo, por exemplo nosso planeio, velocidade e direção do vento, nuvens, onde estão as possíveis térmicas (massa de ar quente que usamos como combustível para subir, ganhar altura e poder fazer um planeio maior). E tudo isso ao mesmo tempo que estamos pilotando o parapente, muitas vezes em condições turbulentas. Então, não é uma tarefa fácil! Esse dia que pousei antes do goal, estávamos atravessando uma área com pousos restritos e preferi não me arriscar muito e optei por pousar em segurança. Em segurança, mas completamente sem sinal de celular ou internet. Nessas horas, meu Spot é extremamente importante para enviar minhas coordenadas geográficas para a pessoa que irá me buscar. E ainda gosto de usar o Spot X para enviar uma mensagem para o celular da pessoa para confirmar se recebeu minha localização e consigo receber essa resposta no meu Spot X. Simplesmente incrível e indispensável essa tecnologia.
Como não cheguei no goal nessa prova, não poderia mais errar se não o resultado estaria comprometido. Analisei meus erros, aprendi com eles e com isso fui só melhorando meus resultados. Então, na prova 5 que foi um percurso de 81km, cheguei em segundo lugar apenas 3 segundos atrás do primeiro colocado (Frank Brown). Na prova 6, empatei em segundo lugar com o Frank. E finalmente na última prova, eu consegui chegar primeiro no goal!
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Eu voo com aproximadamente 45kg de equipamentos, então para decolar sem vento tenho muita dificuldade. Nesse dia estava sem vento nenhum, e eu não conseguia decolar. E a cada tentativa de decolagem, eu me cansava muito por causa do peso. Ficando cada vez mais perto da hora do Start, cheguei a pensar que perderia a prova por não conseguir decolar. Mas com ajuda de amigos, consegui decolar e subir para a base da nuvem em tempo hábil para o Start da prova. Foi um dia atípico, pois havia uma cobertura de nuvens e possibilidade de chuvas, então tive que ser estratégica para chegar no goal. Quando vi o goal sem ninguém, sabendo que eu era a primeira piloto de todos competidores chegando, me transbordei em alegria! Confesso que ganhar no geral, entre os homens, sempre foi meu objetivo, mesmo sabendo que seria difícil.
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Como resultado após 7 provas, totalizando 335km voados na região de Baixo Guandu, consegui ser vice-campeã entre os homens e campeã na categoria feminino. Para mim ter sido vice-campeã e conseguido voar lado a lado com um ícone do voo livre foi indescritível. Frank Brown foi 12x campeão brasileiro, vice-campeão mundial, recordista mundial, entre outros inúmeros títulos numa história de 40 anos de voo livre! E ainda tive o prazer de dividir esse pódio com meu melhor amigo, Walter Oliveira (campeão paulista) que levou o terceiro lugar. Apesar de que não teve uma cerimônia, com um pódio de verdade e confraternização por causa da pandemia, esse momento vai ser pra sempre inesquecível para mim! Fico muito feliz de estar fazendo história no voo livre nacional e mostrando para as mulheres que somos capazes de tudo que acreditamos.