Por Nestor Freire, Projeto Giraventura
São Paulo, 29-04-2021
Alcancei a cidade do Rio Grande, RS no começo de novembro de 2020. Vinha de uma jornada pesada por 6.255 km e 70 dias desde o Oiapoque, AP. Chegar ao Rio Grande do Sul dias antes, já havia sido um marco na minha jornada. Lá, encontrei um povo passional e extremamente receptivo. Nesse contexto, o gaúcho vinha de encontro a tudo o que defino o Projeto Giraventura, entrega, paixão, amor. Aprendi que quando a gente fala sobre amor, a gente faz o amor acontecer.
Ainda durante o dia, em Rio Grande, rumei ao Balneário do Cassino, uma autarquia da cidade, distante 20 km do centro. No Cassino, um dilema: atravessar ou não a maior faixa litorânea do mundo? Estafado depois de tantos quilômetros rodados pelo Brasil e com condições meteorológicas não favoráveis, decidi alcançar o Chuí através da BR-471, que atravessava a exuberante Reserva Ecológica do Taim. A escolha foi certeira, pois alcancei o extremo sul do Brasil, a Barra do Chuí, dois dias depois.
Voltei para minha base em São Paulo da maior das aventuras do projeto, mas confesso que com um gosto amargo de não ter percorrido os últimos 223 km pela praia inóspita. Meses se passaram, até que em uma janela de oportunidade e, 2021, essa que deveríamos nos dar mais costumeiramente, decidi voltar ao RS e fazer o trecho que deixara no passado.
Comprei as passagens, fiz meu roteiro e fechei parcerias comerciais para finalizar novamente de forma esplêndida o percurso, criando também um apêndice no livro que estou terminando de escrever sobre a travessia do Brasil de norte a sul.
Esse pedaço de paraíso de areia é tido como o maior em extensão no mundo. É um conjunto de três praias, Cassino, Hermenegildo e Barra do Chuí. Há histórias de naufrágios, de fortes vendavais, de aranhas que andam à beira mar e de muito frio e vento.
Sei que essa nova jornada não será fácil, mas confesso, se fosse, não estaria tão interessado nela. Dessa vez, optei pelo estilo bikepacking, um modo de se viajar de bike da forma mais minimalista e mais leve possível. Nesse estilo levo o essencial, o básico, nada mais. Geralmente esses estilos de cicloviagens são curtas, pontuais e mais arriscadas em todos os pontos de vista. Sempre digo que carregar o peso na bike é carregar nosso medo. Dessa forma, quando temos medo de passar frio, levamos mais casacos ou quando temos medo de ficar doentes, levamos mais remédios. A pergunta que fica é: afinal, o que de fato é essencial para a sobrevivência? Aqui, falo de bikepacking, mas deveríamos fazer essa pergunta a nós mesmos todos os dias, quando por exemplo adquirimos o último modelo de celular ou trocamos de carro.
Como sempre faço, preparo um checklist de todo equipamento dias antes da expedição e garanto que essa está minimalista a ponto de assustar. Dentro da bagagem, cuidados com a saúde é o básico. Sem saúde não se pedala, não se vive. Dos itens primordiais, destaco meu SPOT X, que me acompanhou pela travessia do Brasil e que me fará companhia mais uma vez.
Você poderá acompanhar esse bikepacking em tempo real, através do link SPOT, onde poderá visualizar o mapa e se comunicar comigo em tempo real a partir do dia 6 de maio de 2021: http://maps.findmespot.com/s/8H1B
Fazer esse bikepacking será muito especial para mim, mas quero dividir essa expedição com você, motivá-lo e incentivá-lo a fazer a sua, buscando seus limites e saindo da zona de conforto.
Joseph Campbell, um dos inspiradores do Projeto Giraventura tem uma frase que aprecio muito: “na caverna que você tem medo de entrar está o tesouro que você busca”. Vou atrás do meu tesouro, que é a liberdade e a vontade de contribuir para que mais e mais pessoas pensem fora da caixa e busquem a felicidade na simplicidade das coisas como numa simples cicloviagem de três dias pelo Sul do nosso lindo país.
Projeto Giraventura
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