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A Maior Aventura de nossa Volta ao Mundo de Carro

A Maior Aventura de nossa Volta ao Mundo de Carro

Aventura


Já dizia Ariano Suassuna, as coisas difíceis de passar são também as boas de contar. 

 

Pois bem, essa história conta um dos dias mais difíceis que passamos em nossa volta ao mundo de carro. O dia em que ficamos presos no meio das dunas do severo Deserto do Saara, em uma região geopolítica instável e fomos salvos pelos heróis do Exército da Mauritânia.

 

O dia começou em uma região remota deste esquecido país do Sahel africano. Depois de acordarmos de uma noite fria do deserto, decidimos seguir para a cratera de um vulcão adormecido no meio do Saara. 

 

Para chegar até lá não existiam mais estradas, apenas demarcações em uma mapa desenhado a mão e rastros de pneus na areia. Para se ter uma ideia, no caminho cruzamos apenas por uma única vila nômade.

 

Fomos seguindo as marcas no chão que, aos poucos, sumiram no meio das dunas. O dia estava tão quente e o vento soprava milhares de grãos de areia em cima de nós, que mal pensamos e decidimos seguir em frente, conforme mandava nosso mapa amassado.

 

Um casal de amigos, que dirigia uma outra Land Rover Defender, foi logo na frente. Com muita dificuldade, cruzamos por dunas altas e fofas até chegarmos a um ponto em que era impossível retornar. Mas, para nosso azar, a embreagem do Mochileiro parou de funcionar, os pneus imediatamente afundaram e ficamos presos no meio de duas dunas. O carro dos nossos amigos não conseguia retornar e todo o caminho pela frente era desconhecido para nós. Estávamos sozinhos e presos no meio do deserto.

 

Empurramos, cavamos buracos, esvaziamos pneus e nada. Dois pastores de cabra vieram nos ajudar, sem sucesso. Depois de muito suor, sem nenhum outro sinal de vida ou internet, decidimos que o melhor era voltar caminhando quase quinze quilômetros até a vila nômade e pedir ajuda.

 

E ela veio. Montados na caçamba de uma caminhonete velha da Gendarmerie da Mauritânia, sete homens do exército fizeram de tudo para nos tirar dali. E, num sopro final de vida, a embreagem conseguiu nos tirar do meio daquelas dunas.

 

Mas o problema só estava começando, pois a estrada pela frente era ainda pior. Amarramos o nosso guincho no carro dos nossos amigos e fomos puxados deserto adentro. O Exército continuou preocupado conosco e decidiu seguir nosso comboio. 

 

Logo a frente, as dunas voltaram. Teve uma que mais parecia o Monte Everest para nós. Todos os carros atolaram e, pacientemente, fomos empurrando e guinchando centímetro a centímetro duna acima. 

 

Foram horas só para subir aquela duna, entre um empurrão e outro, uma parada para a oração muçulmana. Quando chegamos ao topo, já era noite e, mesmo assim, nossos amigos do Exército seguiram incansavelmente nos levando em segurança até uma estradinha de chão melhor.

Depois de horas e horas de muito trabalho, eles se despediram de nós. Mesmo não tendo nada, vivendo de chá e pão seco, eles não aceitaram nenhum centavo de recompensa. Só os nossos sorrisos de mais profundo agradecimento. Foi uma cena de filme ver eles indo embora: os sete militares se afastando de nós em direção aos faróis altos da caminhonete do Exército, rindo e brincando depois de um árduo dia.

 

Foi uma aventura e tanto! Uma história que poderia ter sido difícil de viver, mas também de contar se não fosse pelos nossos heróis. "Shukran" aos homens da Gendarmerie da Mauritânia!