Criação do Parque Nacional da Serra da Capivara
O Parque Nacional Serra da Capivara foi criado no dia 5 de junho de 1979 como resultado de um conjunto de trabalhos científicos liderados por pesquisadores do Brasil e do exterior que descobriram na região o maior conjunto de sítios pré-históricos do Brasil. Na época de sua criação, ele foi a primeira reserva federal a preservar o ambiente da caatinga com toda a sua biodiversidade. Localizado no sudeste no Piauí, o parque abrange áreas dos municípios de João Costa, São Raimundo Nonato, Coronel José Dias e Brejo do Piauí. Seus mais de 900 km² atraem cerca de 14 mil visitantes por ano, que encontram o passado nos sítios arqueológicos e paleontológicos da região.
Atualmente, o Parque Nacional Serra da Capivara é considerado Patrimônio Cultural da Humanidade, título conferido pela Unesco em 1991, graças às centenas de sítios arqueológicos com pinturas e gravuras pré-históricas que contam detalhes da vida das antigas sociedades que ocuparam a região durante muitos milênios.
O maior museu rupestre do mundo
Para quem gosta de natureza, o parque protege uma parte da vegetação da caatinga onde se observa suas diversas variações, na parte norte é possível encontrar matas de transição de Cerrado. No período das chuvas pode-se apreciar a floração das plantas da Caatinga. Nos boqueirões, locais onde há concentração de maior umidade, as árvores são mais altas e perenifólias, predominando algumas espécies típicas, como a gameleira. Jardins rupestres, formados por cactáceas e bromeliáceas são comuns sobre as formações rochosas. Estima-se que há cerca de 9 mil anos o clima da região era tropical úmido, em lugares mais reservados é possível encontrar espécies animais e vegetais características desse bioma.
A fauna também é variada, com presença de tatus verdadeiros, tatus-bola, tamanduás, jaguatiricas, jacus, cotias, veados-catingueiros, porcos-do mato, onças e a única população conhecida de macacos-prego que utiliza ferramentas de pedra e de madeira para obter alimento, comunicação e ameaças. A paisagem geológica do parque também merece destaque, com presença de formações areníticas, cânions ruiniformes, e boqueirões, formando lindas vistas panorâmicas. Por sua importância e singularidade geomorfológica, a região está sendo cotada para receber o título de Geoparque.
Lá encontra-se a maior concentração de sítios arqueológicos atualmente conhecida nas Américas, com mais de mil sítios cadastrados. Nos abrigos, além das manifestações gráficas, encontram-se vários vestígios da presença do homem pré-histórico, com datações mais antigas conhecidas no continente americano. Dos mais de mil sítios arqueológicos, são 173 abertos à visitação.
O circuito do desfiladeiro da Capivara foi o primeiro local visitado pela Dra. Niède Guidon, renomada arqueóloga brasileira. Neste circuito há diversos sítios arqueológicos, como o conhecido “Toca da Entrada do Pajaú”, que abriga dezenas de pinturas datadas de 12.000 anos, que retratam o cotidiano dos povos que viveram nesta região, ainda neste circuito, está a “Toca do Paraguaio”, primeiro sítio a ser catalogado pelos pesquisadores, onde, após uma escavação, foram encontrados dois esqueletos com datação de 7.000 e 8.670 anos.
No circuito conhecido como Caldeirão do Rodrigues, está localizado a “Toca do Caldeirão dos Rodrigues”, um dos principais sítios do Parque, onde pode-se observar pinturas belíssimas e bem visíveis. Neste abrigo foi realizado uma escavação onde encontraram fogueiras que datam de 18.000 anos. Além dos sítios arqueológicos, quem visita a Serra da Capivara pode visitar os sítios históricos, lugares que guardam casas dos povos que moravam na região no século XX, época em que a coleta da Maniçoba era muito comum.
Considerada uma espécie de “Disneylândia da Pré-História” em função do seu grande número de atrativos, a Serra da Capivara é ambiente propício para a observação da fauna e flora da caatinga, caminhadas ecológicas, passeios de bike, escaladas, rapel, visitas às centenas de sítios arqueológicos, cavernas e grutas, entre outras atrações.
Este texto foi escrito pelos nossos parceiros da Pisa Trekking