O texto a seguir foi enviado pelo Guilherme Gevaerd, formado em Ciências da Computação, mas com uma paixão pela natureza e oceanos imensa. Guilherme acumulou sua indignação ao perceber como as pessoas poluem os oceanos com lixo plástico, e criou o projeto Word Coast Jorney for the Preservation of the Seas: Jornada pela Costa do Mundo pela Preservação dos Oceanos. A viagem é dividida em 8 partes, passando por todos os continentes de barco, acompanhando o que cada país tem feito para reduzir o impacto negativo sobre os oceanos, e iniciativas para despoluir os mares.
O projeto começou há 4 anos, com objetivo de percorrer toda a costa do mundo com meios de transporte que não poluem, para chamar a atenção sobre os problemas do lixo e do plástico nas praias e nos oceanos. Já foram percorridos mais de 30.000 km de bicicleta pelas costas do mundo e mais de 15.000 milhas náuticas (27.780 km) em um veleiro, passando por mais de 30 países.
O foco é apresentar o projeto em escolas, mostrando para as crianças, que são o futuro do mundo, os problemas do lixo e do plástico, e conscientizá-las sobre os impactos que geramos na natureza e o que acontece com os animais. Todos os anos morrem 1 milhão de pássaros marinhos como pelicanos, albatrozes e pinguins por ingestão do lixo e do plástico. No Havaí, por exemplo, 87% dos pássaros mapeados no local tinham plástico no estômago.
A cada ano morrem 100 mil animais marinhos como tartarugas, peixes, baleias, tubarões e golfinhos pela ingestão do lixo e do plástico. Os alimentos naturais das tartarugas marinhas são medusas e águas-vivas. Mas pela semelhança, elas se confundem e comem sacolas de plástico, causando assim bloqueios no sistema digestivo. 80% das sacolas de plástico produzidas no mundo são utilizadas apenas uma vez. Por isso é importante o uso de sacolas reutilizáveis.
8 milhões de toneladas de plástico vão para os Oceanos todo ano, e existem lhas de plástico no meio dos Oceanos, que são formadas pelas correntes oceânicas. A maior delas fica no Norte do Oceano Pacifico e o tamanho pode ser comparado com a região sul do Brasil.
O plástico em contato com o oceano vai se fragmentando em pequenos pedaços, menores que 5 mm, denominados micro-plástico. Os peixes comem essas lascas e o organismo tem dificuldade em absorvê-las, depois nós comemos os peixes, e sofremos frequentemente com intoxicações alimentares, sem saber o motivo, quando nós mesmos somos os causadores.
Em uma estatística interessante, observando-se o volume de produção de plástico no mundo e a evolução das populações de peixes, vemos que hoje temos 1 kg de plástico no mar para cada 5 kg de peixe. Se nada for feito, em 2025 teremos 1 kg de plástico para 3 kg de peixe. E em 2050 teremos mais plástico que peixes nos nossos oceanos.
A inspiração para o projeto foi uma viagem de bicicleta pela costa do Nordeste do Brasil, onde vi muito plástico pelas praias e algumas tartarugas mortas. Visitando o projeto TAMAR, que cuida das tartarugas marinhas na costa do Brasil, descobri um dado que me chocou muito: 80% das tartarugas encontradas mortas na costa do Brasil ingeriram algum material plástico. E seguindo a viagem até Morro de São Paulo, conheci outro o projeto que trabalhava com
crianças ensinando a importância da reciclagem, mostrando os problemas do lixo na ilha e fazendo brinquedos com material reciclado. E foi assim que decidi deixar meu trabalho de engenheiro de software, e assim nasceu a ideia do projeto Jornada pela Costa do Mundo pela Preservação dos Oceanos.
Atualmente o projeto encontra-se nas ilhas de Madeira, em Portugal, onde acabamos de cruzar o Atlântico do Caribe. A SPOT Brasil é patrocinadora do projeto com o SPOT Gen 3, e você pode acompanhar o andamento do projeto em nosso Site e no Facebook.